Prezados colegas da turma de Direito e leitores em geral, o tema de hoje envolve toda a sociedade, onde tento despertar à atenção de todos para um problema sério que assola nosso país no que tange a política, pois bem iniciemos.
Outra face
Muito se fala em corrupção e em formas de resolvê-la, saem e entram mandatos com campanhas cada vez mais “preparadas” por marqueteiros, o discurso parece não mudar é sempre moralista, valorizando a família, o trabalhador e o homem de bem, pessoas sorrindo e o povo todo feliz, pelo menos naqueles minutos de horário eleitoral, todos os candidatos palpitando transparênciae honestidade, com propostas aparentemente sólidas e muitas com enfoque no combate à corrupção, e o ciclo continua, políticos multiplicam seu patrimônio em tão pouco tempo que causam inveja em grandes empresários, castelos são construídos, o dinheiro “brota” em lugares que não é bom nem citar, e a massa à frente da televisão indignada xinga todos os envolvidos de algum novo esquema, solta alguma expressão pessimista do tipo: “o Brasil é uma vergonha mesmo!”, diz isso de forma até automática e quase cômica já que política é tratada com seriedade por poucos, e depois de tudo essas mesmas pessoas tão “indignadas” põem a cabeça no travesseiro e simplesmente esquecem de tudo o que acabaram de ver, e a marcha recomeça como em uma peça de teatro apresentada repetidas vezes, com o mesmo roteiro, o mesmo final com novos atores e mesmo “talento”, e uma platéia que não aplaude, não vaia, não se move, permanece lá intacta sem esboçar raiva, revolta ou alegria e deixa tudo acontecer parecendo não compreender a sua importância, parecendo não entender que é justamente ela que determina a qualidade dos atores e da peça, e segue surda, cega e principalmente muda. Especialistas tentam apontar soluções, comentaristas exaltam a falta de respeito, e os próprios políticos criam frentes para combater o problema, como o Conselho de Ética (presidido por quem não sabe o que a palavra ética significa), a mídia cria um carnaval no momento de cada escândalo e se omite três meses depois.
É preciso entender que combater a corrupção não exige soluções complexas, não exige mecanismos diferenciados, não há que se criar teorias, conspirações ou algo do gênero, não é preciso fortalecer sensacionalismos, não faz-se necessário eleger culpados, não é importante “crucificar” esse ou aquele político, é fácil e simples de entender, o combate à corrupção começa no voto, e então se é que temos que nomear culpados eis aqui: os eleitores! Sim, senhores são os eleitores que votam em palhaços em forma de “protesto”, são eles que reelegem políticos com históricos podres, são eles que em sua maioria não se lembram do nome do último deputado em que votaram, que não se preocupam com política pois acham esse um assunto muito chato, que contribuem com esse sistema fétido e querem exigir transparência depois, os representantes de uma nação e suas ações são por uma questão lógica o reflexo de seu povo, e não se assustem com essa frase, pois sabemos que democracia é maioria, ou seja depende da coletividade, e nesse ponto não há que se falar em exceções ou minorias, este país é em maior parte conivente com tudo isso, por isso se existe alguma forma de mudar este cenário é tendo consciência e seriedade nas eleições, não estou responsabilizando exclusivamente nós os eleitores, apenas tento demonstrar a verdadeira causa do problema e consequentemente sua solução ou pelo menos a que seria mais efetiva, é tempo de enxergar a outra face, de deixar de criticar as ações alheias e preocupar-se com as próprias, de entender que somos nós que formamos a democracia (demo=povo e kracia=governo), o povo deve estar no poder, pois o governo é do povo.